Idiotismo das Palmadas Estatais
Não sabemos nos comportar e tampouco sabemos como cuidar dos nossos
flhos.Para sorte nossa, o Estado pai, mãe, provedor, empresário,
indutor,educador, fiscal, guia e farol dos nossos dias, se dispõe a cuidar
de mais essa lacuna do nosso caráter.
O presidente Lula encaminhou ao Congresso um projeto de lei que proíbe maus
tratos dos pais contra as crianças, inclusive o prosaico tapinha na bunda,
porque ele, como emérito educador que é, sabe, como quase todo governante
moderno, como somos incapazes de lidar com as nossas próprias
responsabildades, tanto paternas como cívicas.Sem o olhar protetor do
Estado, sabe Deus que tipo de iniqüidades seríamos capazes de cometer.
Outro dia, comentando esse assunto no twitter, o jornalista Antero Greco,
companheiro de muitos anos de trabalho e de muitas sagas de sofrimentos
palmeirenses, escrevia: "Minha mãe dizia: 'Mazze e panelle fanno i figli
belli'. Levei palmadas, tive carinho, fui bem alimentado, sem traumas".
Sabedoria simples e vital da senhora napolitana.Sabedoria caseira coberta
por poeira de séculos, um tesouro a ser preservado num reduto íntimo, espaço
onde as relações humanas ainda fazem prevalecer o desígnio da ação
individual sobre a barbárie coletivista que a paranoia da correção política
quer impor à força sobre as consciências.
Brinquei no twitter dizendo que só faltava agora o governo criar uma
"Criançobrás", empregando alguns milhares de fiscais de palmadas-na-bunda, e
fui logo admoestado por um desses cretinos fundamentais que enriquecem a
blogosfera com a profunda sutileza de seu pensamento: "Quer dizer que você é
a favor do espancamento de menores ?". Vejam até onde a idiotia pode chegar.
Não sou a favor do espancamento nem de menores nem de maiores,mas eu
perderia meu tempo tentando explicar isso ao cretino fundamental? Teria que
contar até que já existem leis que punem agressões físicas, indistintamente,
seja contra crianças, seja contra adultos, e que elas são suficientemente
abrangentes para punir até as palmadas na bunda dos filhos.Não precisamos de
mais leis, precisamos que se cumpram as que já existem.
Não precisamos de tutores, nem de comportamento nem de consciência. Não
precisamos que nos digam como devemos criar nossos filhos,nem quais jornais
podemos ler, nem quais programas de TV podemos ver, nem o que podemos comer
ou beber, e nem quando e onde podemos fumar, desde que não desrespeitemos os
direitos do próximo.
Ficaríamos muito gratos se o Estado conseguisse cumprir com o mínimo de suas
tarefas básicas, como cuidar da infra-estrutura do País, assegurar
oportunidades iguais para todos, investir o dinheiro dos impostos em
serviços de saúde e educação decentes.
Essa persistente e minuciosa necessidade de intervir na vida dos outros é um
dos traços mais incômodos do vagalhão estatista que avança pelo mundo
afora.Aqui no Brasil atinge um grau mais agudamente intolerável na medida em
que toda ingerência vem apresentada como um ato de bondade de governantes
cheios de boas intenções e que não conseguem dormir à noite se não gastarem
o seu dia produzindo o bem e distribuindo-o para todos.
Estatizar as relações familiares é mais um passo no processo de substituição
da responsabilidade individual pela idiotização coletiva.
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde,
diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência
Estado e diretor de Redação de "O Estado de S.Paulo". É autor do livro "A
Ilha Roubada", (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez..
E.mail: svaia@uol.com.br
Não sabemos nos comportar e tampouco sabemos como cuidar dos nossos
flhos.Para sorte nossa, o Estado pai, mãe, provedor, empresário,
indutor,educador, fiscal, guia e farol dos nossos dias, se dispõe a cuidar
de mais essa lacuna do nosso caráter.
O presidente Lula encaminhou ao Congresso um projeto de lei que proíbe maus
tratos dos pais contra as crianças, inclusive o prosaico tapinha na bunda,
porque ele, como emérito educador que é, sabe, como quase todo governante
moderno, como somos incapazes de lidar com as nossas próprias
responsabildades, tanto paternas como cívicas.Sem o olhar protetor do
Estado, sabe Deus que tipo de iniqüidades seríamos capazes de cometer.
Outro dia, comentando esse assunto no twitter, o jornalista Antero Greco,
companheiro de muitos anos de trabalho e de muitas sagas de sofrimentos
palmeirenses, escrevia: "Minha mãe dizia: 'Mazze e panelle fanno i figli
belli'. Levei palmadas, tive carinho, fui bem alimentado, sem traumas".
Sabedoria simples e vital da senhora napolitana.Sabedoria caseira coberta
por poeira de séculos, um tesouro a ser preservado num reduto íntimo, espaço
onde as relações humanas ainda fazem prevalecer o desígnio da ação
individual sobre a barbárie coletivista que a paranoia da correção política
quer impor à força sobre as consciências.
Brinquei no twitter dizendo que só faltava agora o governo criar uma
"Criançobrás", empregando alguns milhares de fiscais de palmadas-na-bunda, e
fui logo admoestado por um desses cretinos fundamentais que enriquecem a
blogosfera com a profunda sutileza de seu pensamento: "Quer dizer que você é
a favor do espancamento de menores ?". Vejam até onde a idiotia pode chegar.
Não sou a favor do espancamento nem de menores nem de maiores,mas eu
perderia meu tempo tentando explicar isso ao cretino fundamental? Teria que
contar até que já existem leis que punem agressões físicas, indistintamente,
seja contra crianças, seja contra adultos, e que elas são suficientemente
abrangentes para punir até as palmadas na bunda dos filhos.Não precisamos de
mais leis, precisamos que se cumpram as que já existem.
Não precisamos de tutores, nem de comportamento nem de consciência. Não
precisamos que nos digam como devemos criar nossos filhos,nem quais jornais
podemos ler, nem quais programas de TV podemos ver, nem o que podemos comer
ou beber, e nem quando e onde podemos fumar, desde que não desrespeitemos os
direitos do próximo.
Ficaríamos muito gratos se o Estado conseguisse cumprir com o mínimo de suas
tarefas básicas, como cuidar da infra-estrutura do País, assegurar
oportunidades iguais para todos, investir o dinheiro dos impostos em
serviços de saúde e educação decentes.
Essa persistente e minuciosa necessidade de intervir na vida dos outros é um
dos traços mais incômodos do vagalhão estatista que avança pelo mundo
afora.Aqui no Brasil atinge um grau mais agudamente intolerável na medida em
que toda ingerência vem apresentada como um ato de bondade de governantes
cheios de boas intenções e que não conseguem dormir à noite se não gastarem
o seu dia produzindo o bem e distribuindo-o para todos.
Estatizar as relações familiares é mais um passo no processo de substituição
da responsabilidade individual pela idiotização coletiva.
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde,
diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência
Estado e diretor de Redação de "O Estado de S.Paulo". É autor do livro "A
Ilha Roubada", (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez..
E.mail: svaia@uol.com.br
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