segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Efemérides Futebolístico em Raul Soares !


Mesmo que a platéia saiba, não é fácil assumir de público que o futebol de Raul Soares não é mais, nem a sombra, do futebol de outros tempos. Claro que a evolução do mundo tem dado sua contribuição. Televisão, veículos, internet, essas coisas do mundo capitalista, voltado para o consumo. O lamentável é ver que não temos por aqui aquela marca de um futebol tradicional, competitivo, que fazia inveja nas cidades adjacentes.
Bom, o certo é que há poucos dias tive notícias que diretores do Goiás, clube da primeira divisão do futebol brasileiro, estiveram na vizinha cidade de Rio Casca para uma "peneirada". Dessa seleção de talentos alguns compatriotas compareceram e todos, logicamente, torceram por eles. Afinal é bom ter um ídolo no futebol, a que conhecemos, ou que, pelo menos tenha saído de junto da prole raul-soarense. Ainda, ouvindo da "boca de Matilde" que dois garotos haviam sido pré-selecionados e, que seus pais seriam contactados ou quem sabe contratados mesmo. Não posso afirmar de toda essa realidade ou proeza, preciso confirmar os fatos. O interessante é que um amigo, de conversas fidedignas, me garantiu que hoje por aqui, o alambique faria mais sucesso do que uma peneira (a tal usada pelo Goiás), pois se houvesse sido realizada uma alambicada, certamente, teríamos mais compatriotas vitoriosos.
O certo é que para formar uma boa equipe não basta boa vontade de poucos, deve existir o dom para a coisa (no caso o futebol), desprendimento, dedicação mesmo. E isso é o que acontecia nos bons tempos de destaque de nosso futebol raul-soarense. Hoje as divisões inferiores são conhecidas como sub18, sub-23, sub sei lá mais o que. E na carona desse sub, tem atleta/jogador sub 30 jogando para equipes de verteranos ( é mole?).
Naquele tempo era infantil, juvenil, aspirante, essas coisas de boas lembranças. Ai entra os dedicados de corpo e alma para o sucesso da garotada, como para relembrar alguns deles, anotem ai: Silvinho Vieira (Paca), Afonsinho (Caganeira), Donato, Isaac (lanterneiro) e outros que não vi, mas que já meconfirmaram terem realizados um bom trabalho, são eles, Bugé(J?), Biguá e mais tarde, depois de vestir a tradicional camisa rubra do Operário, Fizinho Bonde, já vestindo a camisa da águia, Associação, também montou uma linda equipe de jovens. Tazico, após aposentar as chuteiras, trabalhou vários talentos que fizeram sucesso em nossos gramados.
Passada várias etapas desses acontecimentos futebolísticos por aqui, um dia, já faz certo tempo, perguntei para um atleta que até hoje gosta de amaciar os gramados, seja numa pelada, seja numa partida de veteranos, sobre o que o levava a tamanha dedicação. Estou falando do Jairo, hoje um bem sucedido Contabilista. Ele disse que era bom demais, saber que na segunda-feira, após a certeira vitória do Operário no domingo anterior, era só passar na padaria do Silvio Nogueira e abocanhar o prêmio: pudim (aquela delícia que até hoje é encomenda certa para o natal) e logo em seguida, passar pelo Bar Avenida, do Amaro, para degustar umas boas garrafas de guaraná (caçula). Já um outro jogador/atleta daquela época, pediu que não colocasse o nome dele, disse que gostava mesmo era de se preparar muitíssimo bem paras as partidas e ver aquelas lindas moçoilas atrás do gol adversário, gritando com histeria....vai fulando, fura o meu.
É! Tenho que admitir, um bom tempo que não volta mais.

domingo, 23 de dezembro de 2007

RAUL SOARES TAMBÉM SOFRE DESSA MOLÉSTIA: CAOS!

A estação do ano que se foi, a primavera, diante da escassez das chuvas, não deixou para nossos olhos, folhas verdes e alegres, nem flores exibindo cores e brilho.
Por outro lado, aves de várias espécies invadiram nosso habitat, demonstrando elas, as aves, que também podem perturbar nosso sono, afinal, nós, homens mortais, estamos degradando a natureza. Destruímos florestas, turbando o habitat daqueles que sempre enriqueceram nossa fauna. De tantas espécies, nota-se a presença maciça de maritacas que no amanhecer despertam a todos com seus particulares alvoroços, retornando a cantiga logo ao entardecer. De quebra, despejam seus “rejeitos” na cabeça dos transeuntes, nos veículos e de tudo que se atreva a estar sob suas miras. Vale a pena parar um minuto e refletir sob as atrocidades que o ser humano comete a mãe natureza.
Nossos rios, Matipó e Santana, sofrem nas próprias “veias” a agressão a que são portadores no dia a dia. Embalagens de lixos, garrafas vazias, continuam navegando rio abaixo, mas isso pode ser um grande assunto para outra oportunidade.
Do caos aéreo “das maritacas”, em nossa urbe, bem ameno em relação aos intermináveis desconfortos verificados nos aeroportos do país, pulamos para o caos terrestre por aqui, pequeno, mas interminável problema do transporte coletivo intermunicipal. Das empresas de ônibus que aqui servem nossos munícipes, temos a maior, talvez até mesmo do estado, a Pássaro Verde, que em época de maiores demandas, desdenham seus usuários, nossos queridos e hospitaleiros Raul-Soarenses. Por último, nesta sexta-feira, vinte e um de dezembro, os ônibus que partiam da capital mineira, para o aconchego no lar, doce lar, foram surpreendidos com atrasos escandalosos. Pior ainda, os usuários ficaram sem as devidas informações por parte dos funcionários. Os ônibus deram partida com até três horas de atraso, como se tudo estivesse às mil maravilhas. Daí uma pergunta: será que essa empresa merece os prêmios de qualidades (ISO) conquistados? Sabemos dos problemas de trânsito nas grandes metrópoles nessas épocas do ano, mas, não dar a mínima atenção aos usuários, isso é censurável. Mas o nosso povo é “gente boa”, então bola pra frente.
Completando a cantiga, sofremos o caos do caos, quando escutamos o clamor da população, acerca das filas nos estabelecimentos bancários, Correios e INSS. Por favor, Luis Inácio LULA da Silva, Excelência, vê se dá uma dose de ‘SIMANCOL’ para esses ministros ai, de maneira que eles tomem as devidas providências, dando provimento para que os aprovados nos concursos públicos sejam empossados. Esse negócio de ficar utilizando mão-de-obra barata, sob a custódia de exploração de contratos temporários, por parte de órgão públicos e estatais é mais feio que bicho-papão, tipo esconder a sujeira debaixo do tapete. Nesse tópico, uma porradinha que lado outro, acaba por me atingir, afinal foi praticamente três décadas ali, no Banco do Brasil, que construí minha vida. Neste final de semana, o BB achincalhou com os usuários do auto-atendimento. Sexta-feira, antes do expediente aberto ao público, a máquina de fornecimento de folhas de cheques, estava aplicando xeque-mate nos clientes e, que infelizmente perdurou sábado afora.
Os transtornos acontecidos e que acontecem em nossa comunidade, como pode se notar, não são privilégios nossos, são incômodos que assolam o país, seja por incompetência, seja por falta de gestão administrativa, vontade pública, desrespeito àqueles que mantêm a máquina governamental, pagando seus impostos. Diga-se de passagem, mais que insuportáveis impostos, uma coação legalizada.
Devido a essa falta de respeito dos homens públicos brasileiros para com seus munícipes, resta-nos um consolo, que é se acalmar nas palavras proferidas há um bom tempo por José Maria da Silva Paranhos Júnior, nosso BARÃO DO RIO BRANCO: “Há duas coisas bem organizadas no Brasil: a desordem e o carnaval”. Portanto, despeço de vocês, por hoje, desejando um feliz natal e um próspero carnaval.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

ORA-PRO-NOBIS!

Transportando do latim, “Orai por nós!”. O relato remonta os tempos da infância no Bairro Santana, aqui em nossa cidade de Raul Soares e, mais tarde na capital mineira.
O bairro Santana não era calçado e o largo empoeirado que se transformou na Praça Antonio Olímpio Sobrinho, era nosso palco preferido para ferrenhas disputas futebolísticas. Bom lembrar que nem sempre a bola era de borracha ou de plástico, às vezes e muito das vezes mesmo, era de meia com enchimento de pano.
Entre uma peleja de futebol e outra, a molecada alternava as brincadeiras, ora pique, ora bola de gude e assim passava as manhãs, antes do horário da escola no “Benedito Valadares” e mais tarde no “Regina Pacis”.
Porém, antes das dez horas, tinha eu que parar a brincadeira, estava na hora de levar a marmita de almoço e o ”café fresco” que minha avó preparava para serem levados nos terrenos de um senhor, Tal Velentin Moura, onde meu avô, lavrador de fé, trabalhava batendo pastos e cultivando arroz.
O trajeto de ida e volta não levava mais que meia hora, pois era feito numa carreira só, uma corrida de fazer inveja. Logo que chegava, bem não tinha terminado de lavar as mãos e rosto num tanque de roupas, minha avó já esperava com um delicioso prato. Recompensa melhor não havia. Arroz limpo por ela no pilão, feijão preto cortado, angu de fubá do “munho”, ovo de galinha caipira, costelinha de porco curtida em latas e lobrobô.
Pois bem, o tempo foi passando e já rapaz, defendendo uns trocos no Cartório de Notas do Terceiro Ofício, alguma economia feita com certa dificuldade, trouxe à cobiça, um passeio na capital mineira com colegas. NO dia do retorno fomos a um restaurante tipicamente mineiro e o prato especial era “ORA-PRO-NOBIS” (?) com costelinhas de porco, cardápio obviamente sugerido pelo garçom. Servida a “bóia” qual foi minha surpresa ao descobrir o que era essa especiaria. Indignado esmurrei a mesa e disse em bom tom, “orapronobis” uma ova! Isso é lobrobô que segundo minha avó, compara-se a uma verdura saborosa e gostosa, sua ramagem se transforma numa boa cerca viva, pois é toda espinhenta.
E ainda assim, quem tiver dúvidas, resta uma alternativa: ORA-PRO-NOBIS! ORAI POR NÓS, persistindo na dúvida perguntem suas avós!

Dando Bolo e Pegando Carona!

Bom tempo faz que o colaborador que assina esta coluna, vem dando bolo na galera. Mas como bolo é sinal de festa, melhor é olhar pelo lado festivo.
Nada melhor do que pegar uma carona no movimento que o Encontro Raul-Soarense dos Bons Tempos – ERABON – proporcionou a todos. Mesmo aqueles que não participaram do evento, sentiram no ar um sorriso adolescente, o aroma da amizade, um sorriso fraterno. Via-se em toda esquina um amigo, um conhecido, porque não dizer um personagem que fez e continua fazendo a história de nossa inigualável Raul Soares.
Nas rodas de bate papo ouvia-se casos de todos os tempos, casos tristes, casos alegres e engraçados. Rolou de tudo que um bom papo proporciona.
Mas agora aqui nessa coluna o que desejo narrar é que por força dessa festividade, tivemos a presença nessa terra abençoada pelo Padre José Domingues, filhos de um saudoso amigo de todos conterrâneos, o Murilo Maciel, para os íntimos (e quem não era) Murilão.
Esbanjando saúde aquele grande empresário que à época era conhecido como comerciante, não abria mão de suas “peladinhas” nos campinhos existentes na cidade. Por força de sua incomparável vontade desportiva construiu com seus recursos uma quadra de cimento, nos fundos do campo do Operário, afinal mais um lugar para a prática dessa paixão nacional, não era nada demais. Aliás, serviu também esse reduto, de palco para belas disputas dos salonistas locais.
No seu regulamento esportivo constava que dia de “bater uma pelada” era todos os dias da semana. Seu calendário era cumprido com peladas na segunda e quarta-feira no campinho existente onde hoje se encontra a Escola Municipal Cel.João Domingos. Terça, quinta-feira e sábado na quadra construída nos fundos do campo do glorioso Operário. Sexta-feira no Córrego de Ubá. O calendário futebolístico se encerrava com a grande pelada no domingo, depois da missa das oito horas da manhã, no campinho ao lado do barracão da Rede Ferroviária.
Nos confrontos de domingo o povo se acotovelava próximo da linha férrea e o público era comparado ao que ocorria no grande clássico da época do contagiante duelo travado entre Galo do Genipapo e Águia dos Eucaliptos (Operário X Associação). Sempre havia um grande desafio entre a seleção do Murilão contra o escrete comandado por Saracura. Interessante que nosso Murilão não aceitava que seu filho Beto jogasse do seu lado... (prendia muito a bola e era chorão).
O melhor é que a cada disputa, a bola do jogo era sorteada entre os peladeiros da equipe vencedora, logicamente patrocinada por ele, o Murilão.
E quem não gostava daquele tempo e não se faz lembrar, claro que lembram e gostavam. ERA BOM MESMO! Até eu ganhei certa vez, após insistentes choros, uma bola amarela com estrelinhas vermelhas (bola da marca estrela) adquirida na venda do Rui, hoje Mercearia Assis. Acreditem se quiser, naquele dia joguei no gol e fechei mesmo o arco. Saudades eterna é o que sentimos. Valeu Murilão!