sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A DONA DE CASA E A VACA DE PRESÉPIO!

Fim de ano não é nada mole para uma dona de casa. Afinal é ela a responsável pela recepção dos filhos, noras, genros, sobrinhos, netos e amigos, durante os festejos natalinos e de reveillon. Claro, não podemos esquecer que antes de ser uma dona de casa, é mãe, esposa, sogra, tia, avó, conselheira e proprietária de outras inúmeras funções. Essa realmente merece o ditado popular da ocasião: “adeus ano velho, feliz ano novo”.
Mas o duro mesmo é a peregrinação dessa dona de casa, em especial a de Raul Soares, para encontrar bons cortes de carne bovina, para os tradicionais churrascos. Já faz um bom tempo que ela é uma entre milhares de testemunhas, de que nossa carne bovina não é mais a mesma. Não existe mais aquele sabor, aquela carne suculenta. Pode ser filé, contrafilé, alcatra, maminha, chã de dentro ou picanha. Difícil encontrar um corte que traga maior prazer aos apreciadores da especialidade.
Bom, precisando satisfazer a ânsia e os desejos de suas visitas, a tal dona de casa como uma brasileira de fibra, não desiste nunca, “arregaça as mangas” e vai à luta. Visita praticamente todas as casas do ramo e com o seu dom inigualável, descobre que realmente não existe mais em nosso comércio uma carne que proporcione um paladar digno de fim de ano. O jeito é peregrinar açougue afora, até que de repente depara com uma carne vistosa no balcão frigorífico. Vai logo perguntando e ao mesmo tempo afirmando: essa carne ai é de boi não é?! Leva um baita de um susto quando o magarefe responde sem pestanejar: não é de boi, é da mãe. Aquele estabelecimento se transformou numa arena para troca de insultos inclusive dos presentes que também queriam a presença da polícia. Aos berros, esperneando como um novilho a relutar contra sua ida para o matadouro, o açougueiro pedia calma. Foi logo se desculpando e dando a explicação, que levou o convencimento a todos: a dona ai me perguntou se a carne era de boi, eu respondi que era da mãe, claro minha gente, da mãe do boi, ora bolas, a carne é de vaca.
Coitada da dona de casa, com cara de vaca de presépio, adquiriu a carne que encontrou e chegando ao lar, doce lar, mãos à obra, pois sua platéia já estava ali, entre umas e outras caipirinhas, sentindo sua ausência.
O pior de tudo que isso é tudo verdade. Hoje, por aqui, não temos muita escolha, geralmente, a carne não é de boi, é da mãe mesmo, (ops!), melhor dizendo, carne de vaca, descartada do plantel bovino. Quem não tem boi come vaca, afinal não estamos na India.

Nenhum comentário: